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quinta-feira, 19 de julho de 2012

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ENTRE BOVINOS DE CORTE INTEIROS E CASTRADOS

A castração de machos é prática rotineira nas propriedades rurais que trabalham com bovinos decorte, sendo realizada com o intuito de facilitar o manejo dos animais e também produzir carcaças de melhor qualidade e aceitação no mercado (ARALDI, 2007). Porém, alguns produtores já estão abatendo seus animais sem castrar, terminados em confinamento, com carcaças de qualidade satisfatória. Atualmente a maior restrição ao abate de bovinos machos não castrados vem dos frigoríficos que afirmam que animais inteiros não depositam gordura como machos castrados, sendo que a cobertura de gordura é uma característica importante para elevar a qualidade e a consequente remuneração da carcaça. Este artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, com o objetivo de comparar o desempenho de bovinos de corte inteiros e castrados em diferentes idades, em relação a conversão alimentar, ganho médio diário e qualidade de carcaça.

Castração, Exigência de Mercado
Segundo Moura e Luchiari, (1996) a castração dos machos foi um manejo tradicionalmente usado pelos produtores de bovinos de corte, visando evitar o efeito dos hormônios androgênicos sobre as características de carcaça e da carne (RESTLE et al., 1999b), pois animais inteiros apresentam carcaça mais magra, carne mais escura, mais dura e de pior palatabilidade que os castrados. Entretanto, vários trabalhos têm demonstrado que esses mesmos hormônios são responsáveis por maior velocidade de crescimento e melhor conversão alimentar dos animais inteiros em relação aos castrados (RESTLE  et al., 1997). A castração é uma exigência dos frigoríficos e, em muitas situações também do consumidor em função da melhor deposição da gordura de cobertura na carcaça e maior maciez da carne. De acordo com Moleta (1999), a castração só é recomendável se existir uma maior remuneração devido aomelhor aspecto qualitativo das carcaças destes animais, pois caso contrário, a maior produtividade dos inteiros torna-os economicamente mais indicado no processo produtivo da pecuária de corte.
Nesse sentido, os pecuaristas sentem-se prejudicados, em virtude do melhor crescimento apresentado pelos animais inteiros, aliado ao fato da venda de animais castrados. Além disso, tem se verificado que animais inteiros, quando abatidos em idade precoce, produzem carcaça de qualidade satisfatória (MOURA; LUCHIARI, 1996).

Efeitos idade à Castração
Restle et al. (1994), dizem que os efeitos da castração são dependentes do momento em que ela é realizada, pois se esta acontecer antes da puberdade, ocasionará uma completa interrupção do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, em consequência da ausência dos hormônios secretados pelos testículos, o que torna o novilho bem diferente do touro. Se a castração, no entanto, for realizada após a puberdade, os efeitos são menos pronunciados, ocorrendo apenas a regressão de alguns caracteres secundários, alterações de comportamento e variações no desempenho. A castração de animais jovens, nas primeiras semanas de vida tem sido recomendada, por apresentar vantagens, como, por exemplo, a fácil contenção dos animais, a rápida recuperação, a menor perda de sangue, e a rápida cicatrização (Associação de crédito e Assistência Rural do Paraná, 1978). Sabe-se, no entanto, que bovinos inteiros, apresentam maior ganho de peso por unidade de tempo e são mais eficientes na conversão alimentar (SIEDEMAN et al., 1982; LEE et al, 1990 e MORAIS et al., 1993).

Efeitos da Castração sobre o Consumo de Alimentos, Conversão Alimentar e Ganho Médio Diário
Clanton (1987) e Savastano,  et al. (2001), não observaram diferenças no ganho de peso entre animais castrados e inteiros na fase de crescimento. No que diz respeito  ao consumo de alimentos, Casaccia (1993) verificou um maior consumo de alimentos nos animais inteiros em relação aos castrados. Analisando a conversão alimentar entre inteiros e castrados, o mesmo autor concluiu que a melhor conversão alimentar verificada nos animais inteiros deveu-se as diferenças hormonais, a favor destes. Morgan et al. (1993a) observaram que os animais inteiros foram sempre mais eficientes que os castrados a medida que os primeiros ganharam mais peso com uma mesma unidade alimentar (Kg/MS).

Considerações Finais
Animais inteiros, em diferentes idades se mostraram sempre mais eficientes quando comparados aos castrados, em relação a ganho médio diário (GMD) consumo de alimento  e conversão alimentar. No que diz respeito a idade de castração, animais castrados antes da puberdade podem apresentar interrupção dos caracteres sexuais secundários, acarretando em alterações significativas de comportamento, enquanto que os animais castrados após os oito meses de idade apresentam alterações pouco significativas de comportamento e desempenho.


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