Ao contrário da valorização esperada para o período de entressafra, os preços da arroba do boi se mantiveram estáveis nos últimos meses, registrando ligeira queda desde o início do ano. O inverno de temperaturas amenas e bom regime de chuvas favoreceu as condições da pastagem e aumentou a oferta do produto no mercado, pressionando os preços. De janeiro a julho, a arroba do boi gordo no Paraná apresentou desvalorização de 4,53%, fechando este mês com média de R$ 90,74.
De acordo com o médico veterinário do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), Fábio Mezzadri, a oferta constante de carne bovina manteve o mercado equilibrado em todo o País. ''Os preços costumam subir entre maio e setembro, período de entressafra, mas este ano o clima colaborou com a manutenção do pasto e os preços ficaram estáveis'', explica.
Segundo o analista da Scot Consultoria, Hyberville Neto, além do clima, o mercado está pressionado pela alta disponibilidade de animais resultante dos quatro últimos anos de retenção de fêmeas. Em São Paulo, a arroba do boi era comercializada a R$ 90,50 ontem. Das 31 praças consultadas pela Scot, seis apresentaram recuo no ano. O consultor lembra que o único aumento de preços foi registrado em abril, quando a oferta de fêmeas diminuiu. ''Mas o mercado não aguentou muito tempo e logo os preços começaram a cair novamente'', relata.
Na avaliação do veterinário Fábio Mezzadri, a tendência é de manutenção da regularidade até o final do ano. ''A tendência é de ligeira alta nos preços nos próximos meses, mas acredito que o cenário está mais propício à estabilidade'', afirma Mezzadri. O analista da Scot lembra que os preços da arroba costumam ser mais altos no segundo semestre, este ano, porém, pode ser uma exceção. ''Pode haver uma elevação nos preços em novembro porque os pecuaristas que iriam confinar gado se desestimularam com os preços baixos, mas espero um ano de preços pressionados'', analisa Hyberville Neto.
Alto custo
Para José Antônio Fontes, presidente da Associação Nacional de Produtores de Bovino de Corte (ANPBC), a situação do pecuarista está ainda mais complicada em razão dos preços do milho e da soja, que incrementam o custo de produção e reduzem a margem de lucro. ''O custo está bem pesado e a relação com o preço está começando a empatar. O pior é que não há previsão de recuperação até o final do ano'', comenta.
Fontes revela que os pecuaristas começam a adotar algumas medidas para garantir rentabilidade diante desse cenário desfavorável e uma delas pode ser o abate de fêmeas. A medida, entretanto, pode trazer consequências negativas no futuro. ''A curto prazo, a oferta pode aumentar ainda mais, mas nos próximos anos vai faltar gado porque as vacas não foram destinadas à recria. Corre-se o risco de um efeito de bola de neve'', aponta.
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