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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Impactos da quebra da safra americana chegam ao segmento leiteiro goiano

Os reflexos da frustração da safra de grãos americana já chegaram ao segmento de pecuária leiteira. Com os Estados Unidos - maiores produtores mundiais de soja e milho - registrando quedas de produção de 27% (101 milhões de toneladas) no milho e 16% (14 milhões de toneladas) na soja, a pressão do mercado internacional sobre os grãos brasileiros elevou, por exemplo, em cerca de 30% o valor do milho em algumas regiões de Goiás.
O acréscimo nos preços tem beneficiado o setor de grãos, mas impactado substancialmente no custo de produção da pecuária leiteira. Soja e milho são as matérias-primas básicas das rações ministradas aos rebanhos. Em Goiás, a ração do gado leiteiro representa de 30% a 40% do custo operacional da atividade.

Para se ter uma ideia do impacto deste custo, a cotação do farelo de soja no município de Rio Verde, no período de junho a agosto deste ano, teve um acréscimo de 41,93%; a tonelada do produto passou de R$ 910 para quase R$ 1,3 mil. Em agosto do ano passado, a tonelada do farelo de soja valia pouco mais de R$ 550.

Com o milho ocorreu o mesmo. No período de junho a agosto deste ano o valor da saca do cereal aumentou 30%, saiu de R$ 19 para R$ 25, na região de Rio Verde. A elevação dos preços desses cereais fez com que o custo de produção do litro de leite, no estado, tivesse aumento substancial.

Hoje, os R$ 0,85 pagos, na média, segundo dados do Cepea, pelo litro do produto em Goiás e o aumento na ração fazem com que a margem de rentabilidade do pecuarista de leite fique cada vez menor.

De acordo com o vice-presidente administrativo da FAEG e membro da Comissão de Pecuária de Leite da entidade, Eurípedes Bassamurfo, outro fator agravante é que as oscilações no mercado internacional de grãos chegam durante a entressafra do leite em Goiás, período do ano em que já há uma natural dificuldade com os custos de produção, devido à redução da pastagem - provocada pela falta de chuvas - e necessidade de suplementação do rebanho. 

Para o representante dos produtores – que esteve na manhã desta quarta-feira (22/08) na abertura da 2ª TecnoLeite, em Morrinhos, feira promovida pela cooperativa Complem - o setor está sendo impactado por um fator que o pecuarista de leite não pode controlar que é o mercado internacional e, por isso, o desafio do produtor em manter a rentabilidade do negócio se torna mais complexo.

"Para reduzir custos, os produtores estão substituindo farelo de soja por caroço de algodão, milho por sorgo”, conta. Mas é preciso mais, defende Eurípedes, ele recomenda que mais do que nunca o produtor deve fazer as contas e usar todas as técnicas de gerenciamento disponíveis. Integrar-se em grupos para comprar os insumos em volume e em menor preço é uma das alternativas recomendadas.

Orientação técnica e gerencial


Para o superintendente do SENAR Goiás, Marcelo Martins, é essencial que o produtor mantenha-se atualizado quanto às capacitações técnicas e gerenciais da atividade. Ele ressalta que uma das principais ferramentas que tem auxiliado o produtor nesta empreitada é o programa Balde Cheio.
 
No Estado, o SENAR já possui 22 unidades demonstrativas e nos próximos seis meses serão mais 39 unidades. O representante do Senar defende ainda que a qualificação da mão de obra que trabalha nessas propriedades leiteiras também é essencial quando se trata de redução de custos e aumento na eficiência produtiva. 
 
A mesma importância também deve ser dada à atualização dos técnicos que atuam no segmento leiteiro e aos programas e ações que incentivam a sucessão familiar no campo.
 
Nessa linha de atuação, Marcelo Martins explica que o Senar possui uma gama de treinamentos de capacitação de produtores e trabalhadores que vão desde instruções sobre manejo, até empreendedorismo na atividade leiteira.  
 
E para conter o êxodo rural, a entidade está investindo em um extenso programa de capacitação de jovens para o Campo.
 
Em parceira com o Governo Federal, o SENAR finalizará 2012 com mais de 340 turmas do programa Pronatec e cerca de cinco mil alunos goianos do ensino médio envolvidos. (Texto: Francila Calica – Gerência de Comunicação do Sistema Faeg/Senar e Foto: Jana Tomazelli)

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