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Isso porque a combinação de umidade, com aproximadamente seis meses de chuvas por ano, e as altas temperaturas favorecem o desenvolvimento do parasita. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Rondônia, Luciana Gatto Brito, o carrapato é o principal parasita dos rebanhos leiteiros e causa sérios prejuízos, especialmente em Rondônia, maior produtor de leite da região Norte do país.
Segundo a pesquisadora, caso não sejam adotadas medidas de controle, os carrapatos podem infestar os animais durante todo o ano. Cada fêmea do carrapato dos bovinos suga de 0,5 a 1,0 mililitro de sangue, causando no animal uma perda média de 1,0 grama de peso por carrapato, e de 9,0 mililitros de leite. Tais situações acrescidas ao custo dos tratamentos para o controle dos carrapatos, resultam nos prejuízos econômicos decorrentes desse tipo de parasitismo.
Em outras regiões do país, especialmente Sul e Sudeste, o modelo adotado de controle de carrapato leva em conta as estações do ano. No inverno, as baixas temperaturas interrompem o ciclo de desenvolvimento do parasita, sendo o uso de carrapaticida necessário somente nos meses mais quentes. Na Amazônia Ocidental, esse controle não é suficiente, uma vez que as temperaturas permanecem altas durante todo o ano.
Controle
O modelo de controle do carrapato bovino, desenvolvido pela Embrapa Rondônia, consiste no uso de diferentes tipos de carrapaticidas, manejo de rebanho e de pastagens. “Após a colheita do carrapato no animal, o primeiro passo é identificar a eficácia de carrapaticidas sobre a população de carrapatos presentes na propriedade, através do teste chamado biocarrapaticidograma, mais conhecido como carrapatograma, realizado no Laboratório de Sanidade Animal”, explica o pesquisador Fábio Barbieri.
Em seguida, é realizada a identificação de resistência à carrapaticida em carrapatos, no Laboratório de Biologia Molecular da Embrapa. “A técnica consiste no diagnóstico de populações de carrapatos resistentes a substâncias que compõem os pesticidas encontrados no mercado. O uso de marcadores moleculares possibilita identificar, no DNA, o gene responsável pela resistência”, complementa Luciana.
Depois de identificado o carrapaticida com eficácia superior a 95%, a etapa seguinte é o preparo do produto. É fundamental fazer a pré-diluição do carrapaticida antes de diluí-lo no volume total de água, que será usada no banho dos animais. A dosagem deve ser observada no rótulo do produto e o rebanho deve ser separado em duas categorias. “Vacas em lactação recebem tratamento com carrapaticidas de curta duração para não comprometer a produção de leite com resíduos químicos. Já a outra parte do rebanho recebe tratamento com produtos que agem por até vinte e oito dias”, informa a pesquisadora.
Os animais tratados exercem um importante papel no sistema: aspiram as larvas de carrapatos da pastagem. Os piquetes destinados às vacas em lactação são primeiramente ocupados pelo rebanho seco, por pelo menos dois dias. Com a saída dos animais, a pastagem é roçada e interditada por pelo menos três meses. A incidência direta dos raios do sol no pasto mata ovos e larvas de carrapatos que ainda estejam na área, tornando a nova pastagem livre de carrapatos e pronta para receber as vacas em lactação.
O terceiro componente do controle integrado é o pastejo rotacionado, que, seguindo o mesmo princípio do roço, o período de descanso, associado à menor altura das gramíneas, favorece o controle dos carrapatos. “Dessa forma, é possível manter uma baixa infestação, tanto no rebanho quanto no pasto”, acrescenta a pesquisadora.
Com o controle integrado, são necessárias apenas três aplicações de carrapaticidas por ano e a técnica pode ser adotada por pequenos, médios e grandes produtores. A adoção da tecnologia pode contribuir para melhorar a qualidade do leite que fica livre de resíduos dos carrapaticidas.
Outra vantagem do método é impedir a fixação e o estabelecimento de populações de carrapatos resistentes nas propriedades, apontado como um dos principais problemas de controle do parasita. Em experimento realizado no campo experimental da Embrapa Rondônia, em Porto Velho, foi possível reduzir a infestação média de mais de trezentos carrapatos, por animal, para quinze, nos períodos do ano de maior infestação. O modelo foi aplicado em áreas de produtores com a mesma eficiência.
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