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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Aftosa no Paraguai põe o Rio Grande do Sul em novo alerta

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Um mês depois do anúncio da reabertura das importações de carne bovina in natura do Paraguai, um novo foco de febre aftosa foi confirmado ontem no país vizinho. A incidência da doença foi registrada no departamento de San Pedro, próximo da região de fronteira com o estado do Mato Grosso do Sul. O vírus atinge pelo menos 170 cabeças da propriedade de Gustavo Trugger, a 340 km da capital Assunção, e foi verificado no mesmo dia em que o governo paraguaio decretava o fim do estado de emergência sanitária.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do Brasil havia suspendido as importações de carne desossada e de animais vivos do Paraguai no dia 20 de setembro de 2011, quando cerca de 820 bovinos foram sacrificados na estância de Santa Helena, a 20 km da propriedade em que foi constatado o novo foco. Até julho do ano passado, o Brasil comprou 5,5 mil toneladas do Paraguai, totalizando US$ 29,1 milhões. Em 2010, as entradas de carne bovina paraguaia somaram 6,7 mil toneladas, um montante US$ 34,6 milhões.

Em nota, o ministro Mendes Ribeiro Filho declarou que está tomando todas as medidas necessárias para proteger as fronteiras do Brasil. Ontem, o governo elegeu as medidas prioritárias para proteger o território brasileiro da doença. Entre elas está a suspensão temporária das importações de carnes oriundas de San Pedro, retomada da desinfecção dos veículos procedentes do Paraguai, suspensão de todos os eventos agropecuários no Mato Grosso do Sul e reativação de alerta sanitário no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. "Agiremos da mesma forma que há mais de três meses. Estamos sintonizados com os secretários de agricultura dos estados que fazem divisa com aquele país e agiremos com a mesma prontidão e eficiência", afirmou. 

O ministério solicitará o apoio logístico das Forças Armadas para dar suporte às ações de defesa sanitária animal. Também, em conjunto com os órgãos de saúde animal do Mato Grosso do Sul e do Paraná, haverá um reforço nas ações rotineiras de vigilância e de educação sanitária na fronteira, com a identificação e fiscalização a cada 30 dias de propriedades sentinelas (de maior risco de vulnerabilidade). Na próxima semana uma missão técnica brasileira vai ao Paraguai verificar os controles de origem dos animais abatidos e as condições de processamento das carnes exportadas ao País.

No Rio Grande do Sul, técnicos da Secretaria da Agricultura Pecuária e Agronegócio (Seapa) estiveram reunidos na manhã de ontem para traçar um plano de ações. A preocupação é que a epidemia possa chegar à Argentina e por consequência voltar a ameaçar a fronteira gaúcha. O diretor do Departamento de Defesa Agropecuária (DDA) do Estado, Eraldo Leão Marques, disse que não existem razões para pânico entre os produtores gaúchos. "O foco verificado tem algumas barreiras antes de chegar ao Rio Grande do Sul, como os estados do Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina, por um lado, e a Argentina de outro", declarou.

O veterinário do Serviço de Doenças Vesiculares da Seapa, Marcelo Göcks, explica que o primeiro passo será o reforço na fiscalização das entradas de animais na divisa com a Argentina, em uma área que abrange cerca de 200 km às margens do rio Uruguai, entre os municípios de Garruchos e Barra do Guarita, na Fronteira-Oeste do Estado. Em cidades como São Borja, Uruguaiana e Itaqui, em função do alto índice de entrada de gado, a fiscalização já é feita por postos do Ministério da Agricultura. 

Seis equipes volantes, formadas por veterinários, técnicos agrícolas e rurais, apoiadas pela Brigada Militar, começam a atuar hoje em 29 municípios das regiões de São Luiz Gonzaga, Santa Rosa e Ijuí. Além disso, quatro equipes fixas nas localidades de Porto Xavier, Porto Mauá e Porto Soberbo, onde ainda há o transporte por balsas, devem fazer o controle sanitário e desenvolver ações educativas. Para Marcelo Göcks, o risco de contaminação nas propriedades gaúchas é considerado baixo. 

Ontem, o presidente do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal do Paraguai (Senacsa), Daniel Rojas, se reuniu com sua equipe para discutir formas de evitar a propagação da doença no território paraguaio. O Senacsa informou que os testes aplicados em animais da fazenda constataram um vírus de classificação tipo "O". O processo de vacinação contra a febre aftosa - concluído em novembro de 2011 nos animais de até 24 meses - atingiu índice de  95,96% de abrangência em todo o Estado.



Fonte: Jornal do comércio 

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