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Há 12 anos, a família de Claudino Fortuna tinha prosperidade apenas no sobrenome. Moradores de Chopinzinho, no Sudoeste do Paraná, eles criavam porcos e não tiravam nem um salário mínimo por mês. A mãe, Elenita, tentava aumentar a renda vendendo galinha, ovo e queijo, sem sucesso. A situação piorou quando a família foi à falência na suinocultura e três dos cinco filhos tiveram de sair do campo em busca de emprego.
Diante da situação, os Fortuna resolveram implantar na propriedade uma atividade que ganhava força na região no fim da década de 90: a produção de leite. Os pequenos produtores perceberam que essa seria a melhor maneira de lucrar na agricultura familiar, porque não exige grandes áreas, usa mão de obra própria e gera um ganho mensal.
A família Fortuna se lançou na produção de leite graças a financiamentos, que permitiram a compra de novilhas e de ordenhadeira. A propriedade foi se desenvolvendo e hoje a família tem 33 vacas e uma renda bruta de R$ 16 mil por mês. “É um investimento que veio para ficar”, garante o filho Claudemir Fortuna.
O município de Chopinzinho produz mais de 60 milhões de litros de leite por ano. Está na região que mais contribuiu para dobrar a produção do estado na última década. O lucro dos produtores tem fortalecido a arrecadação municipal, injetado R$ 3 milhões por mês no comércio e diminuído o êxodo rural. Diante dos benefícios, os gestores municipais logo perceberam que era preciso profissionalizar a atividade, com monitoramento da sanidade animal e certificação da qualidade do leite.
Em 2010, a prefeitura criou o serviço de urgência e emergência animal. Funciona assim: o produtor que tem algum animal doente telefona à Secretaria da Agricultura, que encaminha um veterinário à propriedade. O atendimento é gratuito, fornecido das 7h30 às 17 horas. Cobra-se apenas o custo da medicação. “Sem o programa, o custo de um veterinário seria de R$ 100 a R$ 150 ao produtor”, diz o secretário municipal da Agricultura, Meio Ambiente e Zootecnia, Luiz Pasquali. Como contrapartida, o agricultor familiar firma o compromisso de vender a produção com nota fiscal.
Em outra ponta da cadeia do leite, na tentativa de prevenir doenças, a cidade implantou um laboratório para exames de brucelose e tuberculose nos animais, o primeiro do tipo no Brasil, de acordo com o secretário. O laboratório foi fruto de uma parceria público-privada com sete laticínios, que doaram R$ 44 mil. A prefeitura consegue fazer os exames cobrando R$ 5,50 por animal. Pasquali afirma que na rede particular o mesmo exame custaria de R$ 25 a R$ 30. “Em 10 mil exames do ano passado, tivemos de abater sete animais doentes”, relata. A vacinação gratuita também é fornecida.
Os programas dão a possibilidade de o agricultor vender o produto, a garantia de que o rebanho dele tem valor, a colocação de um produto diferenciado na região e a manutenção da sanidade humana e animal. Chopinzinho tem ainda projeto para implantar um selo de qualidade no leite dentro de três anos. “O leite veio para ficar. Se perder essa, não tem outra solução tão boa para a pequena propriedade na realidade da massa”, conclui o secretário. Nada mais indicado que cuidar bem desse setor.
Sudoeste é alavanca do setor
A produção de leite do Paraná dobrou em dez anos, chegando a 3,6 bilhões de litros em 2010, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A nova marca permitiu ao setor arrecadar RS 2,4 bilhões em um ano. Um terço desse crescimento deve-se à elevação da produção no Sudoeste do estado, onde fica Chopinzinho.
A região tem funcionado como alavanca da pecuária leiteira. É a que mais produz leite no Paraná desde 2010, quando ultrapassou o Oeste. Detém 26% do volume e do valor bruto da produção estadual.
As novas marcas, segundo o setor, têm sido atingidas com investimento em genética. Aos poucos, o gado mestiço é substituído por vacas da raça holandesa, normalmente com inseminação artificial. Além disso, os produtores se especializam em alimentação animal. Avançam ainda oferecendo mais conforto às vacas, com sombra e água fresca garantidas no verão.
A avaliação dos técnicos é de que ainda há muito a avançar. Eles consideram que fazendas de outras regiões do estado que possuem rebanhos menores, como os Campos Gerais, atingem produtividade dobrada, com até 40 litros de leite por vaca ao dia.
Fonte: Portal do Agronegócio
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