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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Caprinos: O bem-estar do animal gera aumento na produção de leite

Em galpões muito baixos, ocorre um aumento da temperatura ambiente, causando perda de produção por estresse calórico


Nos últimos anos, dois aspectos econômicos importantes vem influenciando no interesse pela caprinocultura leiteira: nos países desenvolvidos, nota-se um estrangulamento na produção de leite de vaca, por meio das cotas de leite, impedindo o criador de aumentar seu faturamento, fazendo-o procurar meios alternativos sem o controle de cotas de produção, como o caso do leite de cabra. Por outro lado, nos países em desenvolvimento, nota-se uma procura de mercado alternativo com capacidade de produção, com maior liberdade, agregando maior valor comparado ao que o mercado do leite bovino oferece.

“Na América do Sul, o país que se apresenta mais preparado em rebanho caprino com aptidão leiteira é o Brasil, representando excelentes perspectivas para o crescimento de vendas internacionais”, afirma a médica veterinária Maria Pia de Souza Lima Mattos de Paiva Guimarães, professora do curso Criação de Cabras Leiteiras – Cria, Recria e Produção de Leite, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

Devemos saber que a produção de leite caprino não está concentrada em apenas uma região, mas está bastante segmentada, demonstrando maior aglomeração na região Sudeste, seguida da região Sul do país. Com o aumento crescente do interesse dos criadores, a região Nordeste também vislumbra grandes possibilidades para o desenvolvimento da caprinocultura leiteira, principalmente pelo potencial de a espécie caprina aproveitar as diversidades biológicas existentes .

Para ilustrar o potencial do mercado e a capacidade de absorção, no que se refere a derivados do leite, no Brasil, considera-se 95% como consumo popular (prato, mussarela, parmesão, minas entre outros), enquanto 5% refere-se a queijos tidos como especialidades. Nessa área, o queijo de leite de cabra assume grande importância, pois é a fatia do mercado que se mostra bastante lucrativa, fazendo-o ser competitivo em relação ao preço do leite de vaca.

Conforto animal

A crescente necessidade de aumento da produtividade na produção de leite de cabras tem levado os produtores a buscar maior eficiência. Por isso, os cuidados com o ambiente, o conhecimento dos hábitos, o respeito às rotinas, as preocupações com conforto e a tranquilidade devem ser levados em conta em qualquer criatório. Muitos desses cuidados não representam aumento de custos e podem ajudar a aumentar a produção de leite.

Como as cabras vivem sob a ação do ambiente, das instalações e das práticas de manejo, que podem prejudicar ou ajudar o animal na expressão de seu potencial de produção, cabe ao produtor interferir no ambiente de vida desses animais, buscando aumentar o seu bem-estar, obtendo, com isso, melhor desempenho. Como exemplo, se submetermos o animal ao estresse calórico, tanto no confinamento como na pastagem, estaremos afetando severamente a sua saúde.

O estresse pelo calor ocorre, porque a habilidade do animal de dissipar calor fica comprometida, determinando aumento da temperatura corporal acima dos níveis normais, o que é chamado de hipertermia. Isso causa redução do consumo de alimentos, aumento do consumo de água, alteração da taxa metabólica, aumento da frequência respiratória e alterações indevidas nas concentrações de hormônios que regulam o funcionamento do corpo do animal.

Tudo isso faz com que ocorra redução acentuada na fertilidade, fator fundamental para o sucesso da produção de leite, já que é o nascimento da cria que determina a capacidade de produzir leite. Daí a necessidade de se oferecer sombra e ventilação às cabras , visando reduzir o impacto térmico sobre o rebanho.

Por Andréa Oliveira

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