Em galpões muito baixos, ocorre um aumento da temperatura ambiente, causando perda de produção por estresse calórico
Nos últimos anos, dois aspectos econômicos importantes vem influenciando no interesse pela caprinocultura leiteira: nos países desenvolvidos, nota-se um estrangulamento na produção de leite de vaca, por meio das cotas de leite, impedindo o criador de aumentar seu faturamento, fazendo-o procurar meios alternativos sem o controle de cotas de produção, como o caso do leite de cabra. Por outro lado, nos países em desenvolvimento, nota-se uma procura de mercado alternativo com capacidade de produção, com maior liberdade, agregando maior valor comparado ao que o mercado do leite bovino oferece.
“Na América do Sul, o país que se apresenta mais preparado em rebanho caprino com aptidão leiteira é o Brasil, representando excelentes perspectivas para o crescimento de vendas internacionais”, afirma a médica veterinária Maria Pia de Souza Lima Mattos de Paiva Guimarães, professora do curso Criação de Cabras Leiteiras – Cria, Recria e Produção de Leite, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
Devemos saber que a produção de leite caprino não está concentrada em apenas uma região, mas está bastante segmentada, demonstrando maior aglomeração na região Sudeste, seguida da região Sul do país. Com o aumento crescente do interesse dos criadores, a região Nordeste também vislumbra grandes possibilidades para o desenvolvimento da caprinocultura leiteira, principalmente pelo potencial de a espécie caprina aproveitar as diversidades biológicas existentes .
Para ilustrar o potencial do mercado e a capacidade de absorção, no que se refere a derivados do leite, no Brasil, considera-se 95% como consumo popular (prato, mussarela, parmesão, minas entre outros), enquanto 5% refere-se a queijos tidos como especialidades. Nessa área, o queijo de leite de cabra assume grande importância, pois é a fatia do mercado que se mostra bastante lucrativa, fazendo-o ser competitivo em relação ao preço do leite de vaca.
Conforto animal
A crescente necessidade de aumento da produtividade na produção de leite de cabras tem levado os produtores a buscar maior eficiência. Por isso, os cuidados com o ambiente, o conhecimento dos hábitos, o respeito às rotinas, as preocupações com o conforto e a tranquilidade devem ser levados em conta em qualquer criatório. Muitos desses cuidados não representam aumento de custos e podem ajudar a aumentar a produção de leite.
Como as cabras vivem sob a ação do ambiente, das instalações e das práticas de manejo, que podem prejudicar ou ajudar o animal na expressão de seu potencial de produção, cabe ao produtor interferir no ambiente de vida desses animais, buscando aumentar o seu bem-estar, obtendo, com isso, melhor desempenho. Como exemplo, se submetermos o animal ao estresse calórico, tanto no confinamento como na pastagem, estaremos afetando severamente a sua saúde.
O estresse pelo calor ocorre, porque a habilidade do animal de dissipar calor fica comprometida, determinando aumento da temperatura corporal acima dos níveis normais, o que é chamado de hipertermia. Isso causa redução do consumo de alimentos, aumento do consumo de água, alteração da taxa metabólica, aumento da frequência respiratória e alterações indevidas nas concentrações de hormônios que regulam o funcionamento do corpo do animal.
Tudo isso faz com que ocorra redução acentuada na fertilidade, fator fundamental para o sucesso da produção de leite, já que é o nascimento da cria que determina a capacidade de produzir leite. Daí a necessidade de se oferecer sombra e ventilação às cabras , visando reduzir o impacto térmico sobre o rebanho.
Por Andréa Oliveira
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