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A carne brasileira já não é mais considerada “de risco controlado” pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), informou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Com a alteração, o rebanho bovino brasileiro passou a ser considerado livre da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), também conhecida como a “doença da vaca louca”, e o País poderá ampliar (ou retomar) a participação em diversos mercados consumidores internacionais. A mudança de status ocorreu durante a 80ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da OIE, realizada na última quarta-feira, em Paris (França). De acordo com o Mapa, a classificação como “de risco insignificante” coloca o Brasil no mesmo patamar de grandes concorrentes como a Índia, a Austrália e a Nova Zelândia. A expectativa é que a mudança contribua para o Brasil aumentar em 20% a receita das exportações em 2012, chegando a US$ 6,4 bilhões. “A mudança de risco do Brasil para ‘insignificante’ em relação à ‘vaca louca’ é uma vitória para todo o setor envolvido na cadeia produtiva da pecuária brasileira e mostra a evolução dos controles sanitários do País”, afirmou Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Como explica Gabriela Tonini, gerente técnica da Abiec, até 2007 o Brasil não recebia classificação da OIE quanto ao risco de EEB. Sendo assim, os países interessados em comprar produtos de origem animal brasileiros analisavam o risco da doença e decidiam ou não por adquirir as mercadorias. Só em maio de 2007 é que a carne bovina nacional recebeu a classificação de “risco controlado”. “O argumento da Organização era de que o Brasil apresentou falhas nos controles de importação, de vigilância e de mitigação de risco. O País tinha importado animais de lugares em que casos desta doença haviam ocorrido (como Canadá e EUA) e alguns destes espécimes não haviam sido localizados”, completa. Segundo a Abiec, a alteração favorecerá, por exemplo, a retomada do mercado de tripas para a União Europeia (estimado em US$ 100 milhões anuais) e de carne in natura com osso para países que vetam a entrada de produtos brasileiros com o argumento de que o Brasil estava classificado como risco controlado – caso da Turquia. “Nosso status trazia dificuldades adicionais nas negociações internacionais para abertura e manutenção de mercados e desconfiança em relação a controles estabelecidos”, destaca Sampaio. “Por conta desta mudança de risco, perdemos mercados e deixamos de acessar alguns outros”, diz a gerente técnica. Na avaliação do Ministério da Agricultura, há também a expectativa de exportar bovinos vivos para países vizinhos como Argentina, Uruguai e Paraguai. Gabriela lembra que a “doença da vaca louca” nunca foi detectada em território nacional e que o rebanho bovino brasileiro consome apenas pasto, e não proteínas e gordura animal – uma das fontes geradoras da enfermidade. “De uma maneira geral, o Brasil mostrou que os controles demandados pelo Código Sanitário para Animais Terrestres (da OIE) são seguidos da melhor maneira possível, assegurando que o território brasileiro tem risco insignificante com relação à EEB”, finaliza a gerente.
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