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terça-feira, 19 de junho de 2012

Pecuária é responsável direta por 25% das emissões de gases de efeito estufa

Para a Scot Consultoria e a Associação dos Profissionais da Pecuária Sustentável (APPS), a pecuária não é tão maléfica para o meio ambiente como os números usados por campanhas e organizações anticarne mostram. Durante a 18ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), as duas instituições convidaram jornalistas para debater o assunto na palestra "Pecuária: uma questão de amor e ódio". Segundo eles, o fenômeno "negócio de fronteiras" - no qual terras são desmatadas e vendidas mais caras por conta da especulação imobiliária - é um dos grandes responsáveis pelo aumento do desmatamento. "A pecuária é consequência do desmatamento e não a causa", diz Rodrigo Paniago, diretor da Boviplan Consultoria

Dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação mostram que, em 2010, a mudança do uso da terra e florestas, ação que pode estar ligada à pecuária, foi responsável por 55,6% das emissões de gases de efeito estufas (GEE), no Brasil. Destes, a pecuária foi responsável por 25%. A maior parcela dessas emissões, 69,5%, veio da fermentação entérica dos animais, isto é, do pum e do arroto. Para a APPS, o número dos GEE da agropecuária pode ser facilmente reduzido com o uso de tecnologiase com mudanças no modo de produção, como por meio dos sistemas de confinamento e de integração lavoura-pecuária. 

Na Conferência da ONU Sobre Mudanças Climáticas (COP 15) realizada em 2009, o governo brasileiro apresentou suas metas para reduzir o impacto no meio ambiente. A diminuição do desmatamento da Amazônia seria a grande responsável pela queda da emissão de gases de efeito estufa, reduzindo 564 milhões de toneladas. Apesar da agropecuária não ser a única responsável por esse ponto, Paniago defende que o setor teria grande influência para conclusão da meta. No encontro, outros pontos foram colocados na conta da agropecuária: recuperação de áreas degradadas, plantio direto, fixação biológica denitrogênio, aumento do uso de biocombustíveis e crescimento das siderúrgicas com uso de carvão de florestas cultivadas. No total, o setor seria responsável por 88% de toda redução dos gases de efeito estufa no país.



Para APPS, agropecuária poderia reduzir 88% das emissões de GEE

Por meio do confinamento, o produtor utiliza menos hectares para a criação e consegue diminuir a idade de abate do bovino. Isto influencia diretamente na quantidade de metano liberado por quilo de carne e torna o confinamento uma técnica considerada menos agressiva ao meio ambiente.

Alcides Torres, presidente da Scot Consultoria lembra, porém, que essa técnica também pode causar danos ambientais, mesmo que reduzidos. “No confinamento há uma alta emissão de efluentes líquidos com alta concentração orgânica e é responsabilidade do pecuarista dar destino a esses resíduos que podem prejudicar o meio ambiente se não descartados corretamente”, disse. Outro problema citado foi a grande quantidade de dejetos sólidos produzida nesse tipo de criação. Porém, Torres defende que o esterco pode até se tornar uma fonte extra de renda e não de preocupação ao pecuarista, desde que este consiga encontrar alguém interessado em comprar o produto. 

No Brasil, a maioria dos pecuaristas faz uso do sistema "precoce confinado", no qual o animal precisa de 1,52 hectare para crescer até ser abatido, 24 meses depois. Segundo dados da Boviplan, sem implemento de tecnologias, o abate demoraria 42 meses e seriam necessários 4 hectares durante a criação. 

O investimento do governo em treinamento de profissionais também é visto pela APPS como fundamental para redução do impacto no meio ambiente. "Precisamos ter mais programas além do Municípios Verdes e do Agricultura de Baixo Carbono", afirma Paniago. Para provar que a pecuária brasileira é sustentável, o palestrante mostrou dados de uma pesquisa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com a Embrapa, sobre a recuperação de pastagens degradadas. No período entre 1970 e 2010, a área total de pastagens cultivadas cresceu 12%, enquanto o rebanho aumentou 215% e a produção de carne cerca de 440%. 

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